terça-feira, 2 de maio de 2017

A chegada depende da intensidade da travessia

            Passei muitos anos com a sensação que o tempo nunca seria o suficiente para eu viver tudo o que queria. Eu sempre tinha a sensação de que 24 horas não era o suficiente para dar conta de tudo. E se eu olhar pra trás, realmente nunca seria. Na verdade não era a falta de horas e sim uma ansiedade que eu nem sabia detectar. Uma ansiedade que estava camuflada na minha maneira de ver o mundo, na forma como eu tinha escolhido viver e nas prioridades da época.
            A mudança em ver o mundo de outra forma começou quando mudei de casa e fiquei mais perto da escola da minha filha. Na época eu me permitia alguns dias, quando não precisa chegar tão cedo, levá-la andando, outras vezes no carrinho. E de repente eu vi que o tempo era suficiente desde que eu permitisse enxergá-lo de outra forma. Eram dias inesquecíveis quando nós duas íamos andando e vendo as flores no chão. Ela parava e fingia ligar seu rádio imaginário para dançar em frente a um prédio escolhido aleatoriamente. Eu me sentia esquisita algumas vezes em perceber que não olhava mais direito as árvores, não percebia que aqueles três quarteirões tinham tantas paradas mágicas e que o tempo estava passando e eu perdendo o crescimento da minha filha. Sim, eu escolhi ser mãe. Eu desejei isso. 
            Depois o caminho para escola era outro. Às vezes, conseguíamos acordar mais cedo para irmos a pé, na verdade ela no carrinho apreciando a paisagem e me ensinando novamente a enxergar a beleza da simplicidade. Voltei a olhar mais para as árvores, apreciar as folhinhas caindo de manhã, a me encantar com as flores do caminho que eu ganhava em um gesto de delicadeza e amor da minha filha. Sabe aquela sensação esquisita, essa ganhou espaço principalmente na caminhada da volta da escola sozinha. Eu percebi que não precisava mais de 24 horas no dia, eu precisava mudar o foco da minha vida. E caminhando pelas ruas, olhando as pessoas correndo, casais de mãos dadas, crianças no carrinho, gente apressada, pessoas felizes, pessoas emburradas que eu decidi mudar o jeito de caminhar não só na rua, mas na minha vida. Fui buscar novos horizontes. Hoje ando na rua vendo o que ela tem para me oferecer. Podem ter certeza que é muito mais que carros correndo, pessoas brigando com o tempo. A rua é um espaço comum que pode ensinar muito se a observarmos de outra maneira.
            Começo a semana com a certeza de ter chegado ao lugar certo, na hora exata e com a maturidade ideal para tocar este projeto que habitava há anos o meu pensamento, mas ainda não tinha uma forma, uma cor e uma frase para seguir adiante.

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