quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Por um mundo diferente


Olhares curiosos. Ninguém perguntava, mas estava na cara que a minha presença ali causava certo incômodo. Parecia que eu lia as mentes "nossa por que o pai não veio? Por que tem uma mãe aqui? Será que a filha está bem com isso? Será que se separaram? Talvez ele esteja trabalhando... talvez viajando... será que era melhor nem participar?" Realmente eu era uma estranha no ninho, afinal o evento era para os pais. Eu já sabia que corria esse risco, em ser a única mãe em um evento festivo aos pais.
Na hora eu só pensava em todas as mães solteiras e os olhares curiosos, incomodados, julgadores que passam e já receberam ao longo dos anos. 
No meu caso foi parte de uma manhã. Uma decisão em família e com todo apoio da escola. Desde que soube da comemoração dos pais e a impossibilidade de meu marido ir, devido ao compromisso de trabalho, pedimos ajuda em como proceder com nossa filha. A ideia foi compartilhar com ela a decisão. Conversamos, explicamos o quanto o papai a amava, mas não poderia ir naquele dia e perguntamos -- você quer participar do evento? 
Sim, mamãe! 
E vamos convidar um vovô para ir com você?
Não, mamãe! Quero que você vá!
A mamãe vai e depois contamos tudo para o papai!
Ao explicar para professora nossa decisão, ela sugeriu que tirássemos fotos e depois a Sofia fizesse disso um momento especial com o papai.

Antes de sair da casa perguntei mais uma vez se a minha pequena queria mesmo participar e caso não quisesse, ou sentisse saudade do papai, nós sairíamos.
  • Mamãe, eu quero muito ir! Eu amo o papai e ele me ama!

E lá fomos nós. Confesso que me deu um nó na garganta em pensar nas crianças que não foram, porque não tem um pai presente e a mãe nem sempre tem forças para enfrentar todos esses olhares mais uma vez na vida! Impossível mensurar a dor dessas mães. Eu fui ocupar algumas horas e com a segurança do pai extraordinário que minha filha e os irmãos têm!

A escola nos acolheu. Vi que tinha uma outra mãe também. Na hora da gincana nos divertimos. Esquecemos de tirar todas as fotos que havíamos combinado. Fizemos careta enquanto aguardávamos a nossa vez para registrar a nossa felicidade em estarmos ali juntas, compartilhando a companhia da outra e formando uma dupla para vida. E é isso que eu desejo a todas as mães solteiras, as pães como algumas se autodenominam, formem uma dupla, um trio, um quarteto com seus filhos, porque juntos serão mais fortes para enfrentar as caras, bocas, os olhares. Ninguém melhor do que vocês sabem como é ser julgada por uma história cheia de feridas abertas ou fechadas, talvez com cicatrizes escondidas ou expostas. Parabéns por terem uma força sem medida, em seguir adiante e desbravarem tudo isso afim de ensinarem os filhos o que é amor materno e paterno!

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