terça-feira, 1 de agosto de 2017

Os gêmeos chegaram. E agora?

Faz um ano que a minha casa perdeu espaço físico e ganhou duas vidas. Eles vieram tão pequenos e silenciosos. Dividiam o mesmo berço, os meus braços e as atenções. Hoje são grandes, barulhentos e disputam a atenção. Se dia 19 de junho comemoramos o nascimento do Zeca e do João, no dia 1 de agosto celebramos a chegada deles em casa.
Para quem é mãe sabe que receber um filho em casa já muda toda rotina, imagina dois e que ainda precisam de cuidados extras porque a imunidade é baixíssima devido ao tempo de UTI Neonatal? A louca do álcool gel entrou em ação e espalhou vários frascos pela casa toda. Ensinou a filha de 4 anos e meio a passar toda vez que tocasse nos irmãos. Esterilizar mamadeiras, chupeta, ferver água, lavar roupas separadas, limpar o celular. Passado os primeiros dois meses deles em casa, a neura foi melhorando, afinal não estávamos mais no hospital, os anticorpos são importantes para o desenvolvimento infantil e criança precisa ter contato com o mundo.

Eram tantas saídas para exames, fisioterapia preventiva, consulta com especialistas e saber quem era amamentado, quem recebia complemento... de repente entrou em ação a expert em logística e organização de rotina. Afinal os dois precisavam entrar na rotina da casa e encaixar com a da filha de 4 anos! Não vou detalhar tudo aqui para todos continuarem me amando, porque do contrário poderiam intuir a louca que existe aqui – do tipo que tem o calendário na cabeça, que acha óbvio fazer as contas dos dias da semana do mês todo porque é só somar 7, adora dividir as 24 horas tão precisamente para dar tempo de amamentar, alimentar a filha mais velha, escrever, ler e ainda dormir o suficiente para no outro dia colocar em prática todos os horários que precisam ser mudados por causa de uma consulta!

Voltando para louca do álcool gel. Ela deixou de existir quando os filhos andaram a cavalo com o vô e colocaram a rédea na boca. Pronto agora sim estão imunizados. E de repente, ela ganhou os olhares mais intrigantes quando deixou os meninos de 1 ano e 1 mês comerem o quanto de areia quisessem na praia. De aplausos por permitir a vitamina S, a pessoas querendo limpá-los -- juro seria impossível, porque até tentei, mas fui vencida na terceira vez.

Os gêmeos chegaram aqui faz um ano. A vida com certeza ficou mais agitada, emotiva, louca, diminuiu o sono, aumentou o cabelo branco. O tempo magicamente passou rápido e lento na mesma proporção -- dependia do momento para ser sentido de um jeito ou de outro. Faz apenas um ano que isso aconteceu e com certeza não consigo imaginar a minha vida sem eles que abrem as portas, as gavetas, se cutucam, fogem em uma velocidade impressionante para quem só engatinha, sabem a hora do banho, são dois reloginhos para o almoço e o jantar. Eles preenchem a minha cabeça, o meu corpo, a minha alma, a minha vida. Eles ensinam uma ligação linda de quem não sabe falar as palavras certas, mas se entendem pelo olhar, a linguagem verbal própria e as mãozinhas unidas em vários momentos do dia. Como diz a minha filha, agora com 5 anos, não sei viver sem esses fofuchos lindos! Ela que precisou dividir a casa, o tempo, os pais, os avós, as atenções, e hoje canta, dança, inventa e brinca com os irmãos que chegaram para completarem a feliz vida que já tínhamos e agora ficou ainda mais emocionante – em todos os sentidos que a palavra pode ter!


Não foi um texto com a imagem de um imã, marcador, ou cartão. Escolhi algo pessoal, porque nas férias entendi que as mensagens podem chegar a vários formatos e de várias maneiras. A de hoje é para mostrar que um ano pode ser longo ou lento, pode ser difícil e amável, pode caber em um álbum ou em algumas linhas, pode dar medo e gosto de vitória. Um ano pode reunir tanta coisa que mesmo nos dias de frios na barriga, a certeza de dias melhores precisam sempre habitar os nossos corações! Essa é a minha receita – um dia por vez e a felicidade existe até na maior dor. Depende exclusivamente do jeito de olhar para a vida!

2 comentários:

  1. Cada dia que vou na sua casa é por pior que possa ser no sentido de inalacoes gripes etc volto pra casa com esperança e renovada. Quanta vida em ebulição de descobertas e ensinamentos. Sua vivência é única Renata. A minha também.

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  2. Mãe, obrigada por estar sempre ao nosso lado! Te amo ou melhor te amamos

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